Tudo bem com vocês? Olha que texto legal que eu encontrei. Curtam!
A Dança do Universo 
Há milênios, muito antes de esse 
corpo de conhecimento que hoje chamamos de ciência existir, a relação dos seres 
humanos com o mundo era bem diferente. A Natureza era respeitada e idolatrada, 
sendo a única responsável pela sobrevivência de nossa espécie, a qual vivia 
basicamente da caça e de uma agricultura bastante rudimentar. Na esperança de 
que catástrofes naturais tais como vulcões, tempestades ou furacões não 
destruíssem as suas casas e plantações, ou matassem os animais e peixes, várias 
culturas atribuíram aspectos divinos à Natureza. Os pormenores desse processo de 
deificação da Natureza variam de acordo com a localização, clima ou com o grau 
de isolamento de um determinado grupo. Em certas culturas, vários deuses 
controlavam (ou até personificavam) as diferentes manifestações naturais, 
enquanto em outras a própria Natureza era divina, a “Deusa-Mãe”. Rituais e 
oferendas procuravam conquistar a simpatia divina, garantindo assim a 
sobrevivência do grupo. Através dessa relação com os deuses, os indivíduos 
buscavam ordenar sua existência, 
Essa relação religiosa com a 
Natureza se estendia para além das funções mais imediatas de bem-estar e 
segurança.
Origem do Universo
Quando refletimos sobre a origem 
do Universo, imediatamente percebemos que devemos nos defrontar com problemas 
bem fundamentais. Como podemos compreender qual é a origem de “tudo”? Se 
assumirmos que “algo” criou “tudo”, caímos em uma regressão infinita; quem criou 
o algo que criou o tudo? Como podemos entender o que existia antes de “tudo” 
existir? Se dissermos que “nada” existia antes de “tudo”, estamos assumindo a 
existência de “nada”, o que implicitamente assume a existência de um “tudo” que 
lhe é contrário. Nada já é muito, como na história de Alice no País das 
Maravilhas, em que o Rei Vermelho pergunta a Alice: “O que você está vendo?”, e 
Alice responde: “Nada”. O rei, impressionadíssimo, comenta:”Mas que ótimos olhos 
você tem!”.PP Quando tentamos entender o Universo como um todo, somos 
limitados pela nossa perspectiva “interna”, como um peixe inteligente que tenta 
descrever o oceano como um todo. Isso é verdade tanto em religião como em 
ciência. Em ciência, o problema é particularmente agudo em cosmologia quântica, 
onde a mecânica quântica é aplicada na descrição da origem do 
Universo.
Uma vez que nos perguntamos sobre 
a origem do Universo, encontrar uma resposta se torna muito tentador. O caminho 
que cada indivíduo escolhe depende, sem dúvida, de quem está fazendo a pergunta. 
Uma pessoa religiosa vai procurar respostas dentro do contexto de alguma 
religião, que poderá ser tanto uma religião organizada como uma versão mais 
pessoal. O ateu tentará, talvez, achar uma resposta dentro de um contexto 
científico. Religiosas ou não, certamente a maioria das pessoas terá alguma 
resposta. O veículo encontrado por várias culturas foi o mito. Mitos são 
histórias que procuram viabilizar ou reafirmar sistemas de valores, que não só 
dão sentido à nossa existência como também servem de instrumento no estudo de 
uma determinada cultura.
“Uma outra versão da criação do 
homem” (c. 800 a. C.) começa com cinco deuses, Anu, Enlil, Shamash, Ea e 
Anunnaki, discutindo a criação do mundo enquanto estão sentados no céu. Se não 
sabemos qual o significado dessas divindades para o povo assírio, a imagem de 
cinco deuses conversando no céu pode nos parecer bastante simplista. Porém, uma 
vez entendido o que cada deus representa, o mito passa a fazer muito mais 
sentido. Anu simboliza o poder do céu ou do ar, Enlil o poder da terra, Shamash 
o Sol ou fogo, Ea a água, e Anunnaki o destino. Para os assírios, a Criação 
ocorreu quando os quatro elementos e o tempo se combinaram para dar forma ao 
mundo e à vida. Sua religião é baseada em rituais que celebram o poder da 
Natureza, sendo a missão dos devotos a manutenção e o incremento do poder e da 
fertilidade da Terra, uma lição que nós todos devemos encarar muito seriamente 
hoje em dia.
Deus, ou o domínio de vários 
deuses, ou o Caos Primordial, ou mesmo o Vazio, o Não-Ser. 
Por outro lado, vivemos na nossa 
realidade polarizada, de onde tentamos compreender a essência do Absoluto. A 
ponte que estabelece a relação entre o Absoluto e a realidade é o mito de 
criação. Em outras palavras, através de seus mitos as religiões proclamam sua 
realidade, relacionando o compreensível ao incompreensível. O processo de 
criação do Universo envolve sempre a distinção entre os opostos, a desintegração 
da união existente no Absoluto que gera a polarização inerente à realidade. 
Quais são, então, as respostas 
dadas pelas várias culturas “À Pergunta”? O simbolismo utilizado por uma cultura 
na narração de seus mitos nunca é tão expressivo quanto nos seus mitos de 
criação. Um belo exemplo vem dos índios Hopi, dos Estados Unidos. Nele existem 
duas personagens principais, Taiowa (o Criador, representando o Ser) e Tokpela 
(o espaço infinito, representando o Não-Ser).
O primeiro mundo foi Tokpela. 
Mas antes, se diz, existia apenas o Criador, Taiowa. Todo o resto era espaço 
infinito. Não existia um começo ou um fim, o tempo não existia, tampouco formas 
materiais ou vida. Simplesmente um vazio incomensurável, com seu princípio e 
fim, tempo, formas e vida existindo na mente de Taiowa, o Criador. Então Ele, o 
infinito, concebeu o finito: primeiro Ele criou Sotuknang, dizendo-lhe: 
“Eu o criei, o primeiro poder e 
instrumento em forma humana. Eu sou seu tio. Vá adiante e perfile os vários 
universos em ordem, para que eles possam trabalhar juntos, de acordo com meu 
plano”. Sotuknang seguiu as instruções de Taiowa; do espaço infinito ele 
conjurou o que se manifestaria como substância sólida, e começou a moldar as 
formas concretas do mundo.
Nesse mito, o Infinito cria o 
finito, dando forma concreta à matéria. Claramente, Taiowa representa o Absoluto 
a que nos referimos antes, que é onipresente (está presente simultaneamente em 
todos os lugares), onisciente (tem conhecimento de
tudo) e onipotente (tem poder 
infinito). O Universo é criado pela ação de um “Ser Positivo”, em um determinado 
momento; ou seja, a Criação ocorre em um momento específico, implicando que o 
Universo tem uma idade finita.
No princípio Deus criou o céu 
e a terra. A terra, porém, estava informe e vazia, e as trevas cobriam a face do 
abismo, e o Espírito de Deus movia-se sobre as águas. E Deus disse: Exista a 
luz. E a luz existiu. E Deus viu que a luz era boa; e separou a luz das trevas. 
E chamou à luz dia, e às trevas noite. E fez-se tarde e manhã: o primeiro 
dia*
Antes de o oceano existir, ou 
a terra, ou o firmamento, 
A Natureza era toda igual, sem 
forma. Caos era chamada, 
Com a matéria bruta, inerte, 
átomos discordantes 
Guerreando em total confusão: 
Não existia o Sol para 
iluminar o Universo; 
Não existia a Lua, com seus 
crescentes que lentamente se preenchem; Nenhuma terra equilibrava-se no 
ar.
Nenhum mar expandia-se na 
beira de longínquas praias. Terra, sem dúvida, existia, e ar e oceano também, 
Mas terra onde nenhum homem pode andar, e água onde Nenhum homem pode nadar, e 
ar que nenhum homem pode respirar;
Ar sem luz, substância em 
constante mudança, Sempre em guerra:
No mesmo corpo, quente lutava 
contra frio. Molhado contra seco, duro contra macio. O que era pesado coexistia 
com o que era leve.
Até que Deus, ou a Natureza 
generosa, 
Resolveu todas as disputas, e 
separou o 
Céu da Terra, a água da terra 
firme, o ar 
Da estratosfera mais elevada, 
uma liberação. 
E as coisas evoluíram, achando 
seus lugares a partir 
Da cega confusão inicial. 
O fogo, esse elemento etéreo, 
Ocupou seu lugar no 
firmamento, 
sobre o ar; sob ambos, a 
terra, 
Com suas proporções mais 
grosseiras, afundou; e a água 
Se colocou acima, e em torno, 
da terra.
Esse Deus, que do Caos 
Trouxe ordem ao Universo, 
dando-lhe 
Divisão, subdivisão, quem quer 
que ele seja, 
Ele moldou a terra na forma de 
um grande globo, 
Simétrica em todos os lados, e 
fez com que as águas se 
Espalhassem e elevassem, sob a 
ação dos ventos uivantes
Trechos extraido do livro A 
Dança do Universo
Autor  Marcelo 
Gleiser
Bençãos!
Nuit
☽✪☾ Nas Mãos da Lua ☽✪☾







 


 



 


 
 
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