Boa noite Irmãs e Irmãos! É como muita honra e alegria que postamos aqui a entrevista que fizemos com o Sacerdote Og Sperle: a voz primeira da União Wicca do Brasil. Apreciem.
1) Sei que você já deve ter respondido esta pergunta inúmeras vezes antes, porém nunca é demais repetir. Você poderia contar como foi o seu encontro com a Wicca? Como foi que você percorreu este caminho e o que ele representa para você?
Resp.: Bem, eu conheci a Arte através de uma bruxa cigana nos meados de 1987, vindo a me iniciar em 1989, permanecendo no Coven e na Tradição até 1996, quando o mesmo foi desfeito. Caminhei solitariamente por três anos, sendo que neste tempo, conheci uma sacerdotisa da Tradição Celta que morada na Áustria. Durante um ano aproximadamente, trocamos emails, e aos poucos ela foi me transmitindo alguns conhecimentos sobre sua Tradição. Até que, quando ela veio ao Brasil visitar a família, através de um ritual, fui abraçado pelo Coven e pela Tradição em que ela fazia parte. Então a história se repetiu no ano de 2000, quando ela veio a se desligar deste Coven e da Tradição, criando uma Tradição própria, onde misturava Celtas e Gregos. Neste momento, ela me deixou bem a vontade para decidir sobre meu caminho, e foi quando, após vários sinais, fui direcionado para o panteão Grego, onde estou até hoje.
2) Você poderia falar um pouco sobre a sua tradição que sabemos ser Heládica?
Resp.: A Tradição Heládica foi criada a partir do Temenos (Coven) Aetòs Thesmophoros em 21 de junho de 2002. A Tradição Heládica é uma vertente da religião neopagã em tempo compreendida como Wicca. Em nossa Tradição cultuamos os deuses dos antigos gregos, cuja religião se caracterizava por uma rica mitologia e um culto politeísta a divindades antropomórficas. Etimologicamente, a expressão “heládica” vem da palavra “Hellas” ou “Hélade”, nomes pelos quais os antigos gregos, que se autodenominavam “helenos”, chamavam sua nação. O termo “Heládica”, entretanto, não deve ser confundido com o período histórico homônimo, conhecido como “Período Heládico” (2500-1100 a.e.c), desta forma, nossas práticas religiosas nada tem haver com os cultos deste. Apesar de nossos ritos terem raízes que datam de aproximadamente 2.000 a.e.c., somente mais tarde, no período conhecido como Grécia Antiga (776-323 a.e.c.), é que essas práticas se tornaram tão populares, sendo as mesmas absorvidas por nossa tradição.
3) Como você vê o seu papel como líder religioso e presidente da UWB no cenário atual de intolerância religiosa?
Resp.: Procuro ver de forma muito tranquila e natural, pois, tenho que buscar a imparcialidade nas tomadas de decisões junto a UWB, e para isso, a ajuda da nossa diretoria é de suma importância, visto que, não faço nada sem que leve até eles e que escute todas as suas ponderações. Em muitos casos o pensamento deles é mais coerente e acertado do que o meu.
Não é fácil presidir uma associação do tamanho da UWB, visto a importância e o reconhecimento que ela alcançou de dois anos para cá, inclusive internacional.
Quanto ao cenário atual de intolerância religiosa que vivemos, o papel da UWB é estar sempre inserida nos grupos de diálogos interreligiosos, assim como os movimentos de combate a práticas de intolerâncias. Porém, onde encontramos mais dificuldades não é no reconhecimento da Wicca enquanto religião perante as demais, e sim a conscientização da comunidade wiccana e pagã a cerca da necessidade de união e de se envolver mais com as causas do país e da sociedade de forma ordenada
o pressão da comunidade wiccana, o mesmo resolveu abandonar o projeto, repassando esta batata quente novamente para nossas mãos. Foi quando o sacerdote Diogo Ribeiro assumiu a direção da UWB pelo período de um ano, sendo após este período, assumida por mim.
A UWB é uma associação legalmente registrada e reconhecida junto às diversas instituições religiosas do país, assim como os órgãos governamentais de direito.
5) O que pode ser feito para contribuir com a UWB?
Resp.: Hoje em dia, todo o trabalho desenvolvido em prol da UWB é feito de forma voluntária, assim sendo, os serviços oferecidos pela Associação União Wicca do Brasil para a comunidade wiccana e pagã podem ser gratuitos, como vem acontecendo.
A UWB, através da parceria com um grande escritório de advocacia e outro de contabilidade, vem conseguindo manter seu objetivo, que é a colaboração para que os sacerdotes e sacerdotisas de nosso país possam legalizar seus Covens e Templos, assim como garantir a sua liberdade de culto e solicitações junto aos órgãos competentes para a realização de rituais em locais públicos.
Bem, o número de pessoas que nos procuram vem aumentando muito, assim como algumas despesas da UWB, desta forma, estamos vendo a necessidade em tomarmos algumas atitudes para garantirmos nossas parcerias sem a perda de qualidade, além da sobrevivência da própria instituição.
No momento, a melhor forma de ajudar é com o patrocínio para a confecção das camisas para a 5ª Caminhada, conforme descrito em nosso site. E no futuro, talvez com uma ajuda anual ou mensal, ainda estamos vendo como fazer e propor isso para a comunidade wiccana, mesmo por que, não queremos deixar de prestar ajuda àqueles que por qualquer motivo, não possam colaborar financeiramente com a UWB.
6) Sabemos que foi você que abriu oficialmente as atividades da Cúpula dos Povos na Rio+20? O que isto representa para a nossa comunidade e para você?
Resp.: A Rio +20 é a mais importante conferência sobre meio ambiente do planeta, e por conta disso já dá para se ter uma ideia da importância do fato, sem falar, que este evento em si, que foi chamado de Cúpula do Povos “Religiões por Direitos”, estavam presentes as mais diversas religiões do país.
Nossa religião tem tudo a ver com o tema proposto na Rio +20, e tudo aconteceu de forma mágika, visto que, não seríamos os únicos a abrir o evento, mas tudo conspirou para que fossemos os únicos presentes neste dia, e não perdemos a oportunidade de fazer o nosso papel e abrir o círculo energético que esteve presente durante todo o evento.
7) Qual é a importância dos diálogos interreligiosos no sentido de buscarmos o reconhecimento que a Wicca merece em nosso país?
Resp.: Na verdade, reconhecimento nós já possuímos, o que queremos agora é que nos encarem como religião séria e comprometida com temas importantes, e isso só depende de nós, não apenas da UWB, mas da comunidade wiccana. Temos que nos organizar mais, e aprendermos a dialogar internamente. De nada vale falarmos bem entre os outros e não sabermos conversar entre os nossos.
Temos sempre que estar atentos ao que acontece em nossa cidade, em nosso estado, em nosso país e no planeta. Não podemos ficar escondidos em nossos Covens, achando que a vida lá fora é maravilhosa, sem que tenhamos certeza disso. E para ter esta certeza, temos que sair do casulo.
O ano passado tivemos a Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa que contou com a presença de 140 pessoas entre Wiccanos e Pagãos. Há algum evento para este ano de 2012 no calendário da UWB?
Resp.: Na verdade, durante a Caminhada de Combate à Intolerância Religiosa de 2011, nosso grupo, que era formado por wiccanos, bruxos, pagãos e neo-pagãos, contamos com a presença de aproximadamente 200 pessoas, e segundo dados fornecidos pela organização do evento, somos o segmento religioso que mais vem crescendo em número e participação junto a caminhada.
Este ano de 2012, teremos no dia 16 de setembro (domingo), a 5ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, e nós da UWB estamos esperando a presença de pelo menos 300 pessoas.
Já temos confirmação de grupos e caravanas de vários locais, tais como: São Paulo, Brasília, Pernambuco, Espírito Santo, Chile, Uruguai e Espanha.
Este ano, estamos preparando muitas novidades para a nossa participação durante a caminhada.
9) E, por final, você poderia deixar algumas palavras para os membros (quase 3.000 atualmente) desta comunidade que continua crescendo e contribuindo para desmitificar e desmistificar a Wicca e o Paganismo?
Resp.: O que melhor podem fazer pela religião e pela UWB, é continuarem com este apoio que estão nos dando, além de serem mais presentes nos casos e ações que nos envolvam direta ou indiretamente. Neste primeiro momento, temos a 5ª Caminhada, e é importante nos fazer presentes, pois isso mostra que existimos e estamos preocupados com o que vem acontecendo em nosso país.
A UWB precisa e muito do apoio de toda a comunidade wiccana e pagã, pois só assim teremos força para lutar em nome de todos, visto que, enquanto instituição, nós não podemos fazer nada em nome próprio e sim em nome de um coletivo, para tal, temos que receber este aval de todos.
Obrigado Og!
Nós agradecemos de coração!
Karla, Ariadne, Lugh e Nuit
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